Eu gritei, mas ninguém ouviu ou eu não ouvi o que eu gritei? Será que ninguém quis escutar o
que penso eu ter gritado ou com certeza sonorizado? Serás a "metamorfose" Kafkaniana? Não estou me ouvindo, será que os outros falam muito alto neste momento? Ei surdo! Você ai de costas! Mas surdo não ouve, que insensatez ensurdecedora, eu acho que acabei de ficar mudo ou mudo já era quando tentei gritar. Mas que ignorância a minha, o rotulado mudo, erroneamente, por sinal, também fala e é entendido através dos seus sinais Libráticos. Já sei! Agora falarei eu, cá com as minhas mãos. Que balé mímico elas fazem agora, mas ninguém observa os movimentos das calejadas mãos, será que acabaram por cegarem? Creio que não, eles desviaram-se daqueles obstáculos com muita desenvoltura, será que minhas mãos não estão apresentáveis? Colocarei luvas com o brilho das cores do arco-íris. Ah! Agora apresento um show manuseado em cores, várias e lindas cores, mas, será que ninguém se interessa pelo balé colorido que eu apresento com as minhas mãos artísticas? Por que será? Elas agora estão bem vestidas e se mostrando com galhardia, já sei! Vou trocar as mãos por palavras aos muros. Não! Não é pichação, é tentativa de comunicação, é arte. Escrevo nos muros agora. Olha lá! Eles encostam, sentam nos muros, mas não lêem, ei, você ai! Não mija nas letras não. Que cão danado... acabou de morder o tornozelo do regador de muro, eu acho que o cão fez a leitura, talvez do meu pensamento ou do mundo à sua volta. Será que o vira-lata leu e entendeu a mensagem? Afirme quem puder, são tantos os mistérios entre o céu e a terra, e o purgatório também! Não devemos esquecê-lo, pois dizem que é lá que se expurga o peso da alma pecaminosa. Que faço agora? Tento cartazes ou imagens? O cartaz robusto de rocha ninguém leu, ninguém notou, imagina o reciclável de cartolina. Vou usar a força da imagem poética;
Ouçam as vozes que, grafadas falam mais do que as fonológicas
as vozes pronunciadas no escuro momento reflexivo.
As vozes das Letras que alimentam
o imaginário e o inimaginável fantástico.
Não adiantou nada, ninguém presta atenção, pobre riquíssima imagem poética, passou despercebida. Que é aquilo? Que movimentos, que vida, que pobre riqueza de imagens, todos atentos e encantados com o diálogo apelativo. Não acredito! Eles pararam o que estavam fazendo para apreciar, olha aquele indivíduo! Acabou desistindo de beijar a namorada, o outro sentou-se na calçada diante da tal caixa, que espetáculo, agora parece que todos eles escutam e enxergam, eles notam a presença comunicativa, como não pensei nisto antes! Na IMAGEM, na imagem nem um pouco poética, mas imagem.
Moisés Carneiro - 15/12/2009
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