segunda-feira, 30 de agosto de 2010

DOCE DE GENGIBRE SEM AÇUCAR

Ah! infância sofrida, porém, alegre e criativa.
Infância infantilmente bem vivida. Dificilmente hoje altiva.
Infames roubaram a sua essência, oh! Doce infância.
Destruindo fases e pulando-as como cordas
numa velocidade de brincadeiras de rodas. Doce azedume oferecem aos inocentes
que lambuzam-se não mais com marmeladas ou travessuras,
mas, com violência, sexo, drogas e pouca astúcia.
Brincadeiras de casinhas, de bonecas? Que piegas!
Maquiagens, brim, cocas, colas, shows e Jeans.
Projéteis sem projetos!
Brincadeira de ser mãe aos nove e infeliz sempre que pode,
aos oito, aos sete, aos cinquenta e nove...
Poucos ventos primaveris sopram narinas de crianças que embalam PÉROLAS,
crueldade real que rouba a inocência da face
infanto-juvenil, tão atenta e sedenta por saber.
Por CURIOUSAR ser!
Aprendiz de feiticeiros ,
miseravelmente parentes, midiáticos parceiros.
Maus técnicos e vendedores de sonhos
fantasiados de cordeiros.
Por: Moisés Carneiro – 30/08/2010

sábado, 28 de agosto de 2010

ALEGRIA AO JANTAR


Tarde cinzenta, o crepúsculo anuncia-se, o garoto quebra aqui, conserta ali, olha o portão, junta molas, serra madeiras, guarda o pião na caixa de ferramentas, volta os olhos ao portão, fronteira angustiante da sua limitação, enxuga a testa, assoa o nariz. Neste momento o cachorro late e abana o rabo. O menino corre até o esqueleto de ferro, visualização além fronteira e nova frustração que consome a expectativa infantil. Vai tomar banho, menino! Grita a voz das proximidades do tanque de lavar roupas, ordenando-o. Resmungos e barulhos da serrotagem misturam-se às buzinas dos carros lá fora e às conversas dos transeuntes. Só entro quando terminar! Resmunga mais uma vez e olha para o simples relógio de visor partido, com cuidado para não pingar nele o suor da face e afogá-lo, mira o céu e vê tímidas estrelas despontando, sente o cair do sereno, certifica-se do tempo e concentra-se novamente na sua atividade. Psiu! Assusta-se, derruba o martelo e corre as vistas ao quadrado imperativo com tanta empolgação que, um sorriso espontâneo surge do seu rosto esperançoso, desmanchando em seguida com rara frieza, que o amiguinho recomenda voltar depois. Não! Entra, pode entrar. Tá zangado comigo? Pergunta o visitante não esperado. Segura aqui? Pede ao ajudante indesejado no momento, sem dá importância ao seu questionamento, estende-lhe um pedaço de madeira para ser pregada, mira o prego, olha pra rua, erra a martelada, dá outra e acerta, mais uma e levanta a cabeça, vasculha a fronteira, sorri para o parceiro de traquinagens e fabricações e pergunta-lhe as horas. O aprendiz consulta o seu objeto camaleônico e exuberante, portador de um vasto guarda roupa em pulseiras de sete cores, uma veste para cada ocasião, e responde, são seis e trinta. Já vai tomar banho? Pergunta, preocupado com o fim do aprendizado. Não! Só entro depois que terminar. Responde com determinação de mestre. Golpeia mais uma vez com sua ferramenta, e o prego relutante em se infiltrar na pele de madeira, enfim integra-se ao emprestado corpo.
Meu pai me trouxe um ferrorama hoje, brinquei com o trem por uns cinco minutos, mas o diacho brinca só, fica rodando nos trilhos até a gente ficar tonto. No comercial da TV sem cor, ele parecia ser tão legal. Desabafa o aluno, freqüentador da oficina improvisada e quase sua segunda casa. Ei! Tá me ouvindo? Hum... Sua patinete tá quase pronta, só faltam os rolimãs traseiros, diz o Gepeto da periferia. Oba! Amanhã eu consigo os dois que faltam e nós vamos descer a rua da ladeira asfaltada, depois da pelada na quadra da escola, é claro! Isso sim é que é diversão. Empolga-se... Ô! O que você tem? Parece triste e chateado, nem parece que o velho volta hoje. Indaga, preocupado com o amigo e fabricante de seus melhores brinquedos. Vamos tirar os rolimãs da minha super máquina agora e colocar na sua patinete pra testá-la? Desconversa o exímio montador de alegrias artesanais, antes de dar outra olhadela nas frias grades. Vem tomar banho menino! Já são sete da noite. Grita uma voz rouca e triste do interior da casa. Desta vez sem resmungar, o garoto entra correndo e depois de alguns minutos, sai, cata as suas ferramentas, lamenta-se ao amigo e aluno com um forte abraço. Coração afogado! Chuvas de lágrimas embaçam o seu último olhar expectativo ao portão. Seu pai não mais voltará do leito hospitalar. Fim das conversas e brincadeiras tão saboreadas ao jantar.


NAQUELA MESA - NELSON RODRIGUES
Por: Moisés Carneiro - 28/08/2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

EFEITO DOMINÓ

O ouvido deveria atentar-se!
A boca recita!
O atropelo da fala reduz
a oratória do outro ao pó da tolice.
Atenção saber! Poder é ouvir!
Refletir é ouvir-se!
Desculpe-me caro sábio,
ouço-me tão pouco
que acho idiotice
escutar os outros
tolos não ouvintes.
Por: Moisés Carneiro

domingo, 22 de agosto de 2010

IMPUREZAS

Prazeres e amores diversos!
Com altivez risco em versos,
versos prosopopéicos, figurantes
dislexos, ativos ou incultos cultos
em meio a amores Brutus,
amo tanto, tantas amo!
Já nem sei o que amarei logo mais.
Tudo tenta e atrai, discursos, desfiles,
catuques e batuques,
caducam o puro-novo que não é mais.

Por: Moisés Carneiro

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

PÓS-MODERNIDADE

Ser ou não ser!
Eis a questão humanitária.
Ter e/ou não ser! Contradição
de uma pós-moderna navalha.
Cortes bisturis!
Desejos particionados e enlatados,
apelativos discursos e imagens atraentes.
Sedução! Angustiante e arrebatadora
da consumida mente produtiva,
seguidora pacata, raras vezes hostil,
porém, inconscientemente pronta e
submissa às inebriantes ordens atmosféricas.
Rico POBRE transviado mundo sem amor.
POR: Moisés Carneiro

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

IGUAL DESIGUAL

Nasce o homem! Depara-se com o ar,
quase puro e respirável,
convive com as Rosas e os espinhos
entre o céu e a Terra,
fecha a última página do livro
e deita-se sob o solo
do eterno berço esplêndido
da desigualdade atmosférica.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ASAS DE ÍCARO

Como soa bem a Liberdade!
Penas das asas
em versos trovados.
O gostar, o não gostar
o ser feio, o ser bonito,
o amor, o dissabor,
o prazer, o desprazer.
O nojo e o gozo com
a vontade de viver
mais o chorar por não morrer.
O amor com tanta dor ou
o mesmo com tanto ardor.
O abstrato no escrever
criar e sobreviver.

Por: Moisés Carneiro

terça-feira, 10 de agosto de 2010

VIVENDO E APRENDENDO

Quantos anos deve se ter
para o dominio de um leque expressivo de experiência vivida?
Se a cada momento nos deparamos com algo novo.
Se a cada momento o que tínhamos certeza,
torna-se dúvida e a dúvida uma certeza tão simples.
Por: MOISÉS CARNEIRO - 10/08/2010

INCRÉDULO

Estou aqui, mas não sei
se aqui é seguro.
Quero refugiar-me,
mas não sei onde,
não sei como.
Como e por onde?
Não acredito!
Eu não sei.
Por: Moisés Carneiro

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Margeando

Abro a janela, debruço-me e
Debato-me num rio sem margem,
imagino-me às margens das páginas
de um livro ou em posse de um papel
onde rabisco imagens, dou vida a um quadro
sem limitação emoldurável. Vou seguindo...
Entre lápis, dedos nas areias e pincéis,
escrevo, digito e pinto Menestréis
na busca da criação de um mundo maior e bem melhor pra nós.

Por: Moisés Carneiro

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

TEMPORAL

O Tempo! Cão de corrida,
velocista dos campos e corações,
Cão sem dono que vaga solto
no deserto denso da ampulheta,
sob o sentimento da mente cansada que,
apenas escuta-o sem escutá-lo e o vê sem enxergá-lo,
nas suas longas passadas pelas estradas
da escura noite clara que o guia.

Por: Moisés Carneiro