quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O POETA DA ROÇA

Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia se cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o cabôco com sua caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

(ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 1980)

CONFORTO

O reencontro dos abraços
separados pelo espaço ou pelos
tristes fatos, nos
transportam para um lugar
inexplicavelmente confortável.
O saborear de um beijo, um cheiro ou
um abraço apertado podem nos dar a idéia
de termos adentrado num portal
para um instante de felicidade arrebatadora.
Abraço-me, me abrace, nos abracem com poesia, faça-se abraçador
e abraçado, e o resto? Deixem a críterio das sensações
naturais sem serem frívolos.
Por: Moisés Carneiro - 23/02/2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ESPERA MILENAR

Sinto o riso de um olhar em sonetos
e uma tristeza nas calçadas, esquinas e becos
sem a PAZ nos corações e nas almas dos homens de fé
com suas angustiantes esperanças desesperadas.
Por: Moisés Carneiro - 16/02/2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

LARA PIETRA

Pietra força fortaleza
Pedro teme sua beleza
de ofuscante realeza
e intensidade a brilhar
ao seu desabrochar no mundo real,
na sua chegada ao lugar chamado
LAR DOCE LAR
juntamente com a sua inocência
infantil que tem por objetivo proporcionar ao mundo
mais uma dose de esperança
rumo a vitória das batalhas
para firmar o renascer de uma sociedade melhor,
lembrando o menino Jesus, que trouxe consigo,
o facho de luz que ilumina
até hoje os caminhos da dificil renovação,
do bom sentimento humano de amor, bondade e paz.
E você, Lara Pietra como símbolo de uma nova geração,
traz a certeza da continuação desta tocha
de luz, erguida antes por Jesus Cristo, e que hoje, 09/02/2011 nesta incessante corrida de revezamento milenar do ciclo da vida, passa para as suas tão puras mãos.
Bem-vinda ao clube da vida e seja um ser espetacular e mantenedor da chama
aquecedora e confortadora das almas esperançosas.

Desejo a vc e aos seus Pais-técnicos-educadores a mais pura relação recíproca de amor, carinho e dedicação, já vista antes, e que ela se estenda para todos do seu ciclo de convivência.
Por: Moisés Carneiro

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

NOMENCRIATURAS



Pensando bem, nem penso muito,
mas, às vezes me pergunto, por que
nomeia-se tudo? Batismo oblíquo!
Pedras nos calos. Calhas de pedras!
Caminhos marcados por trilhas, placas,
sinais e símbolos, travessas e travessias.
Ruas, casas nuas, mendigo na sua estreita
Silva calçada com sua João calça rasgada, assim batizados pelos
calçados recalcos, batinas e linhos de escritas grã-finas
em vãs pergaminhos. Rótulos, nomes sobre os nomes,
classes sobre a classe.
E o vinho segue manchando em vinho
a pura embriaguês do colarinho, quando servido ao
mestre letrado e retado sem carinho.
Batismo meu, batuta nossa,
Batista Filho, Batista Neto.
Bastardo ninho.
Por: Moisés carneiro - 10/01/2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei. Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo é do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só,
não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo, O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li. O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu?" Deus sabe, porque o escreveu.
POR: FERNANDO PESSOA

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

FUGA ENCLAUSURADA

O melhor amigo do homem endinheirado é o whisky!
Do pé rapado o pingado e do operário a cerveja.
Do descolado? Sempre o alternativo baseado!
Do dependente químico o ópio, o pó e seu ócio sociológico.
Na observância da matilha eu sigo e tateio na trilha d'onde
Vinícius citou o cachorro engarrafado, e PER ou TERseguido tal cão idolatrado, veio o moral fundido ao amoral, o Rintintin empoeirado das giletes, seus filetes em louças e a Lassie evaporada das mentes esfumaçadas.
Na quadrúpede passada, passa tempo, tempo escapa e a lente da ópera da psicanálise viniciana toca o doping ao som da fuga dos não esperados, restando apenas as ondas e brisas do incompreendido mar de surfistas desolados.
Por: Moisés Carneiro - 01/02/2011